Esta é a cidade em que te vi passando
Esta é a cidade que me viu sofrendo
Esta é a cidade que trilhei fugindo
Esta é Maringá, ampla retangular
Cartesiana, plano de amor vibrando
Suas vias de luz contra os parques.
Aqui meus olhos desnudaram encantos
Aqui meus braços discursaram às incitações
Desabrochavam o garoto dos meus passos
E as estrelas por mim se consumiam.
Maringá! parque de memórias
Quantos êxtases, quantas madrugadas
Em teu colo fértil! esta é a terra
Que tanto enlamacei com minhas lágrimas
Aquele é o bar que freqüentei. Vês tu
Aquela luz ali? É um monumento
Cone de pureza erguido pelos céus
Para marcar por toda a eternidade
Um local que se afasta do mundo
Para ficar mais próximo de Deus
Sobre o mármore da Basílica de São Pedro
que ali está, nasceu uma canção.
Ali beijei-te ansiado
Como se a vida fosse terminar
Naquele próximo copo. Ali cantei
Ali menti, ali me silenciei
Para gozo da aurora pervertida
Sobre a terra vermelha
Nasceram amizades. Ali jurei
Um dia parar. Ali fui mártir
Fui covarde, fui omisso, fui fraco.
Fui bravo, fui amante, fui forte.
(Uma releitura de Vinicius de Moraes)