domingo, 2 de junho de 2013

No boteco da psiquê...

- Ah, foi tranquila! Bebemos algumas na festa e depois viemos pra meu apartamento - contava.
- Enfim, por que você não namora com ela?
- Por que eu faria isso?
- Ué, ela parece ser legal e é educada, super inteligente, sem falar nos olhos...
- Do jeito que está, tá ótimo! Nos vemos eventualmente e pronto!
- Só perguntei porque sei que você não gosta de ficar sozinho...
- Não gosto mesmo! Aliás, quem gosta né? Mas além do fato de ela não estar procurando compromisso, tem aquela velha história de sempre. Tem que despertar aquela vontade, aquela necessidade do outro...
- Nossa, que que a Nana fez contigo? Se a Júlia não conseguiu despertar isso aí, por que a Nana?
- Em meio a tantos erros e tropeços, em algum momento você acaba acertando né? É realmente uma pena não estarmos juntos...
- Eu não entendo vocês dois, não mesmo! Ao mesmo tempo que fazia de tudo pra controlar ela como uma marionete, se arrastava por ela e lambia o chão que ela pisava. Tem que viver entre extremos?
- Eu sou chato...
- Bota chato nisso!
- ...e tenho necessidade de sempre pensar no futuro! Não é como se eu quisesse controlar ela, apenas buscava o melhor para o nosso futuro, como um casal e como uma família...
- Nem tudo deve ter regras!
- Tá impondo a regra de que nem tudo deve ter regras então?
- Porra mas tu é chato mesmo! Eu tô falando das aventuras meu caro! Nem tudo deve ser planejado minuciosamente! 
- Aí já é outra história... Se tratando do nosso futuro não dá pra ficar se aventurando ou brincando de "deixar rolar" né?
- Eu não entendo como você consegue ser tão calculista pra certas coisas e tão espontâneo pra outras! De um lado toda essa vontade de agradar ela com as pequenas coisas, com o romantismo, e do outro essa imposição irredutível de mil e uma condições! Você devia é ser mais natural, isso sim...
- Mas eu sou e esse é o meu natural! Eu não consigo deixar de refletir sobre o futuro e em como podemos fazer dele o melhor possível. Eu gosto de refletir sobre o passado, o meu em especial, sobre como eu fui, como eu agi, o que errei, e não é difícil notar uma mudança comportamental drástica.
- Dá pra assumir então que outras mudanças dráticas virão?
- Sim, claro! O mundo e nós mesmos estamos em constante mudança de crenças e objetivos. Num momento queremos uma coisa, no outro queremos outra totalmente diferente.
- Então por que você não namora com a Julia?
- Mas ainda com isso cara? Já te falei! Ela não quer compromisso e eu gosto da Nana!
- Uma hora você pode não gostar mais... Os objetivos e as crenças mudam, lembra?
- Olha, eu mudei muito ao longo dos anos mas não existe nenhuma versão minha que não se apaixonaria perdidamente por essa menina. Quem eu vou ser amanhã pode até não ser mas isso é certo!
- É realmente uma pena vocês não estarem juntos... Mas fala aí! E a Júlia? Rola alguma coisa mais definitiva?
- Porra Id...

Um comentário:

Anônimo disse...

O silêncio da madrugada traz tantos pensamentos que se escondem durante o dia...

Acabamos refletindo sobre o futuro e em como fazer dele o melhor... Analisamos o passado, os erros e ações as quais, nem sempre, temos orgulho.

E será mesmo que faríamos tudo igual para chegar até aqui?
Será mesmo que não havia um outro caminho menos tortuoso quem sabe, ou pelo menos mais humano?

Viver a vida entre extremos é uma opção que fazemos sozinhos, sem se quer perceber que acabamos levando junto os que estão a nossa volta... sem lhes dar a opção de escolha.

Tapamo-lhes os olhos e os colocamos sobre uma corda bamba, com algumas informações simples e obvias: foco no outro lado da corda... é onde queremos chegar! Esqueça do chão que deixou para trás, tão seguro e firme... ele não volta mais! E nunca, em hipótese alguma, olhe para baixo!

Viver sob um corda bamba pode ser perigoso... Nos prendemos ao futuro, ou vivemos de passado... Fechamos os olhos para não notar que, muitas vezes, o presente pode ser, simplesmente, um abismo sob nossos pés...