domingo, 27 de julho de 2014

Uma releitura e uma despedida

Esta é a cidade em que te vi passando
Esta é a cidade que me viu sofrendo
Esta é a cidade que trilhei fugindo
Esta é Maringá, ampla retangular
Cartesiana, plano de amor vibrando
Suas vias de luz contra os parques.
Aqui meus olhos desnudaram encantos
Aqui meus braços discursaram às incitações
Desabrochavam o garoto dos meus passos
E as estrelas por mim se consumiam.
Maringá! parque de memórias
Quantos êxtases, quantas madrugadas
Em teu colo fértil! esta é a terra
Que tanto enlamacei com minhas lágrimas
Aquele é o bar que freqüentei. Vês tu
Aquela luz ali? É um monumento
Cone de pureza erguido pelos céus
Para marcar por toda a eternidade
Um local que se afasta do mundo
Para ficar mais próximo de Deus
Sobre o mármore da Basílica de São Pedro
que ali está, nasceu uma canção.
Ali beijei-te ansiado
Como se a vida fosse terminar
Naquele próximo copo. Ali cantei
Ali menti, ali me silenciei

Para gozo da aurora pervertida
Sobre a terra vermelha
Nasceram amizades. Ali jurei
Um dia parar. Ali fui mártir
Fui covarde, fui omisso, fui fraco.
Fui bravo, fui amante, fui forte.


(Uma releitura de Vinicius de Moraes)

segunda-feira, 30 de junho de 2014

À morte do desejo, que tanto busco

Esta é, provavelmente, a última coisa que você espera ler. E eu vou dizer, de qualquer maneira, pois eu devo: conheci alguém.

Eu não estava procurando, eu estava muito feliz, mas aconteceu. Eu estava sozinho quando ela entrou na sala. Ela perguntou as horas, tinha um compromisso. Ela disse algo, eu disse algo... E simples assim, eu quis passar o resto da minha vida naquela conversa.

E agora eu estou com isso, cravado na minha mente, no meu peito, pode ser que seja ela. Ela é engraçada, fala de um jeito único. É cheia de vontade, de personalidade, de inspiração. E ela é linda! Eu já vi mulheres muito bonitas em minha vida, mas ela está além, bem além...

Ela é você, sempre será. O problema é que não faço ideia de como estar com você neste momento. E isso me assusta, de um jeito, que minhas mãos tremem ao escrever aqui. Eu tenho esse medo constante de que se não estamos juntos neste momento, talvez nos percamos. A distância é colossal, a rotação é contínua, o caminho é cheio de intempéries, e as pessoas têm a mania de dormir no ponto, de piscar, e de perder os momentos. E se for esse o momento em que tudo poderia mudar?

Existe a possibilidade de que a espera seja melhor do que a conquista. Enquanto há um desejo, há uma razão para viver. A satisfação é a morte do desejo. Isso quem disse foi George Bernard Shaw e quem sou eu pra discordar? Quero dizer, ele foi um crítico literário e dramaturgo com mais de 70 peças, um Nobel de literatura e um Oscar, enquanto eu, nem blogueiro posso ser considerado.

Me agarrarei à ideia de que a espera não será um terror absoluto. Será até boa, pois o desejo de te reencontrar é extremamente motivador. Por ora, eu vou piscar o máximo que puder e aproveitar o som do silêncio. Porque quando estivermos juntos novamente, isso vai ter que acabar. Não vou querer perder nem mesmo os momentos entre os piscares de olhos. E vamos romper o silêncio de nossas almas, em meio a um hino de arquejos e suspiros.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Meus 25 anos

Um quarto de centenário com um copo um quarto farto em um quarto com um corpo farto.

sábado, 19 de abril de 2014

Triste fim da quaresma

Foi-se pra sempre o que não aconteceu
Aguardei pra sempre o que não veio
Ouvi pra sempre o que não foi dito
Lamentei pra sempre o que não foi vivido

Desejei hoje o que não me foi oferecido
Perguntei hoje o que não me foi respondido
Sofri hoje o que não foi sentido
Chorei hoje o que não foi possível

Assim hoje foi-se tudo o que não foi. E assim fiquei pra sempre sendo o que não sou.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Vinicius, meu amigo

Talvez eu também tenha nascido marcado pela paixão. Aprendi a me apaixonar antes mesmo de aprender a ler. Desde que comecei a freqüentar a escolinha, aos meus 4 anos de idade, e comecei a interagir com outras crianças, houve uma garota. No começo era aquela garotinha que eu chamava de "minha namoiada", mesmo sem saber o que isso significava. Depois veio a pré-adolescência e a adolescência e eu sofri "pelos amores não-correspondidos". 

Assim como acontece com todos, eu mudei muito ao longo da minha vida. Meus objetivos mudaram, meus planos mudaram, meus problemas mudaram. O que eu posso dizer que jamais mudou (e provavelmente nunca mudará) é que sempre houve uma garota.

Algumas foram sempre simpáticas, outras nem tanto, pouquíssimas (mesmo) corresponderam. O fato é que eu não consigo pensar em uma época em que meus pensamentos não fossem preenchidos pela figura de alguma garota do meu convívio. Lembro-me de cada uma e do que me agradava em cada uma delas. Pode não parecer muito mas é! Já cheguei a me apaixonar, "namorar" e sofrer por 3 garotas diferentes num espaço de 12 meses. E ainda houveram algumas paixões menores entre uma e outra.

Hoje, claro, existe uma garota. Não seria "eu" se não houvesse. Mas essa, em especial, é uma charada que provavelmente eu jamais irei desvendar. Às garotas do meu passado, eu podia relacionar diversas características. Características essas que me fizeram gostar delas. Mas essa garota tem algo diferente.

Em geral eu fico um pouco desconfortável quando uma garota me olha fixamente nos olhos. Mas essa quando o faz, eu não fico. Ela o faz o tempo todo e eu retribuo. Tudo que precisa ser dito é dito dessa forma. E quando estamos juntos, todo o resto desaparece. É só eu, ela, ali, e nada mais. Eu me perco nela e ela se perde em mim.

Claro que eu poderia listar inúmeras características nela que me agradam. Mas dizer que eu a amo por alguma delas, isso eu não posso. Talvez eu a ame pelo conjunto de tudo, ou talvez eu a ame pela individualidade de nada. O fato é que, se fosse possível buscar no passado todos os "cacás" que já existiram, com suas peculiaridades e diferentes objetivos, e apresentassem-na a eles, todos se apaixonariam por ela no mesmo instante. E nenhum deles saberia dizer o porquê.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Crença

Cada um tem uma forma de encarar a vida. Cada uma de minhas escolhas me ajudou a chegar até aqui.

E a cada "eu amo você" que ouço de ti, comemoro minhas conquistas, lamento minhas derrotas, arrependo-me de meus erros e alegro-me de meus acertos. Eles me trouxeram até você.

Essa é a minha religião.