terça-feira, 12 de outubro de 2010

Esteve para mim...

Esteve para mim. Não como uma falsa prostituta toda produzida como isca para peixe. Não! Era orgulhosa de todas suas imperfeições, de todas suas pústulas, fendas, dobras. Não ocultava quem era, o que era, do que era feita.

"O que você quer?" me perguntava. Uma boa questão. O que eu sou? Um homem de verdade ou apenas um fantasma? Se, em noites quando o ar gelado corta fundo, um vento bater forte, eu desaparecerei? Qual o problema em ser real, em se doar?

A conclusão foi única e tardia. Algo despertou muito aborrecido. Infinitamente barulhento, infinitamente vivo. É tudo que eu tenho, minha única constante. Não posso doar meu coração a ninguém. Exceto a ela, a minha circe.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Em meus sonhos caminho sozinho...


Em meus sonhos caminho sozinho e sem rumo, em ruas escuras e estreitas. Algo ainda fica martelando minha mente. Uma idéia plantada em minha alma ainda tentando derrubar minhas barreiras. Ergo a gola da camisa para me proteger do frio que corta minha pele. Eis que topo com um poste que pisca incansavelmente. Um lampejo racha a escuridão. E na luz nua posso vê-la. Mas ainda não compreendo, o que queres de mim?

Lampejos e repentinamente estou me afastando. Palavras perdidas e indistinguíveis que de certa forma me aquecem. O frio gradativamente volta a tomar conta e tudo começa a fazer sentido. Eu corro em sua direção. “Não me deixe!”, eu grito. Minhas palavras caem como gotas silenciosas e ecoam.

Silêncio absoluto novamente. O frio desapareceu e tudo está claro. Embora muito provavelmente não a encontre novamente, a lembrança me conforta e me aquece.

Em meus sonhos caminho sozinho, em ruas claras e estreitas. Uma idéia persiste em minha mente, agora sem barreiras.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ânsia por esquecer

Mesmo diante de tamanho desprezo, eu sigo impassível de me libertar. A solidão me consome e torna meus pensamentos ainda mais tendenciosos.

Tudo em minha mente acompanha a órbita de sua figura. Um movimento circular sem fim, sem esperança, de excentricidade nula e que a cada dia se aproxima mais e mais de seu centro.

Um sentimento que não evolui, imutável, como uma série monótona contínua no continuum. E cada possibilidade de esquecê-la eu agarro como se minha vida dependesse disso.

Mas o fim é inevitável. Com o tempo, a distância aumenta e a solitude toma conta. A série segue trazendo a solidão e a angústia. E as lembranças fatiam o meu conforto. De olhos fechados vejo os seus rostos e sofrimentos.

E eu caminho sozinho, na sofreguidão de apagá-la, em passos cansados, no vazio que só se alarga.

domingo, 3 de outubro de 2010

SONETO PARA UMA BOCA

No final do meu cursinho conheci uma garota que me chamou a atenção. Na verdade eu já a conhecia, mas não íamos com a cara um do outro. Ela me achava mala e bobo (o que não é mentira) e eu a via como uma daquelas alunas bitoladas chatas pra caralho de cursinho. Churrascos de aprovação no vestibular rolaram e em uma roda de conversa acabamos nos conhecendo.

O tempo foi passando, começamos a conversar bastante e um interesse intenso foi despertado em mim. Eu admirava várias de suas qualidades. Mas a boca dela me fazia perder o fio das conversas. Como aquele efeito que peitos enormes causam nos homens. A vantagem é que quase não se percebia o desvio no meu olhar. Eu simplesmente me fingia de "avoado", desatento à conversa.

SONETO PARA UMA BOCA

Boca viçosa, de suave aroma,
textura da rosa avermelhada.
Boca tentadora de forma arqueada,
que com muita graça meus lábios doma.

Boca de deleites deliciosos.
Boca voluptuosa, provocante.
Boca de majestade exuberante.
Boca dos momentos mais preciosos.

Oh boca que meu coração deseja,
passa através dos teus lábios quentes
a emoção de tê-los me beijando.

Lábios cujo doce beijo flameja,
pronunciei nestes versos somente
aquilo que há tempos venho sonhando.

Umuarama, PR

Dezembro de 2007

Eu pessoalmente acho bastante infantil. Mas não tenho nada melhor pra postar no momento.

sábado, 2 de outubro de 2010

Inépcia de amar...


Ah, mulheres. O trabalho de minha vida!
Os seres mais incríveis de todo o universo.
Como me tentam e fazem sentir-me um garoto adentrando à puberdade.
Dotadas de complexidade infinita capaz de fazer qualquer resquício de idéia esvair-se em pensamentos voluptuosos.

Os olhos, os olhares. O que dizem esses olhos?
Nos contam histórias de algum passado distante com pomposa graça ou apenas despertam a nossa criatividade? Imagino o que não viram esses olhos.
Horas se passam em instantes. Será alguma violação das leis físicas?
Talvez se eu fitar estes olhos eu possa neles mergulhar, nadar até os fundos e adentrar esse mundo de dilemas e confusões. Entender e teorizar?
Não! É muito para um simples humano.

Compridos, curtos, loiros, ruivos, castanhos... Imponentes!
Os fios soltos sem direção ou mãos que os segurem. O vento os lança e eles voam brilhando cruzando a luz. Em noite de chuva, as mechas molhadas espalhando seu perfume.
E se eu roubar um fio? Me dê uma lupa! Quero ver de perto cada infinitésimo de vida vivida que este fio carrega.

O toque, suave, o aroma. Faz a circulação do sangue desviar seu foco.
Macia. Ah, que vontade de morder.
Calma! É só um caso de odaxelagnia. Apenas uma parafilia moradora dos meus deleites.
Só um ser de insensibilidade singular para suportar tal toque sem ter pensamentos libidinosos.

O sorriso. Eu resisto e ele insiste.
Me conforta, me abriga. Me deixa com cara de bobo apaixonado pré-adolescente.
Boca tentadora, viçosa, dotada de majestade exuberante. Seus arcos me domam, deliciam e deleitam. Devoram meu pensamento.
Lábios, dentes, língua. E eu subo, arrastado pelos cabelos e demais fios arrepiados. Pálido, petrificado, paralisado.
E eu subo, livre, voando a meu bel-prazer. Despojado, liberto, alforriado.
E lá no imensamente alto desmaio, incapaz, inapto. Ébrio de seu beijo, temulento de paixão.

O dia. A ressaca se aproxima.
O pensamento de indisponibilidade volta e a esperança de esquecer aquela pequena liberta escoa para o fundo do sanitário.
E ela se vai, levando uma gota de meu amor, fazendo pouco caso de minha estima sincera.
Ela me esquece. Eu não a esqueço. Afinal, quem pode esquecer tais olhos, tal toque, tal sorriso? Eu é que não posso!

E eu volto, à minha solitária boemia, à minha inépcia de amar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SONETO SEM SENTIDO E SEM MOTIVO

Este "soneto" eu escrevi há algum tempo. Era madrugada e eu não tinha mais o que fazer. Já tinha atolado meu cérebro com conhecimento (in)útil de blogs e afins e já tinha testado todos os possíveis jogos de browser desse universo sem fim que é a internet. Aí me veio à cabeça a idéia de escrever algo. Pensei em "soneto". Mas o sono, o cansaço e o tédio falaram mais alto e a falta de paciência atropelou minha criatividade. No fim nem em métrica mais eu conseguia pensar.

Pra dar um clima "wooow" eu programei esse post para o mesmo horário em que terminei o "soneto". Porém eu estava em Umuarama-PR (a capital da amizade) quando o fiz. Então abstraiam e imaginem um pretinho, magrelo, com os olhos fundos, coçando a cabeça, em Umuarama, tentando escrever um soneto.

SONETO SEM SENTIDO E SEM MOTIVO

Sou o fogo do amor que grita alto
De inúmeras precipitadas ações
Embora sempre busque soluções
Terminei o quarteto com "planalto"

Dizem que não sou lá muito normal
Não sou, é mais de cinco da manhã
Pra mais essa rima só mesmo anã
Outro quarteto terminando mal

Engraçado é que até comecei bem
Mas à essa hora nem dá pra pensar
Se o último não sair mal amém

Bobo eu sei que sou, não vou nem negar
Mas fugir da métrica à essa hora não é tão mal
Pelo menos o último verso ainda vai rimar

Umuarama, PR
11/01/2009 05:43


Le fabulé de la vidé de Carlos Augusto

Preocupado com a compreensão de todos com respeito ao que, futuramente, aqui será postado, preparei uma concisa, porém detalhada, história de minha vida... NOT! Só dei ctrl+c, ctrl+v na descrição do meu orkut! :B

[Update 17/10/12: Orkut? Tô ficando velho mesmo...]

Le fabulé de la vidé de Carlos Augusto

A minha história com o relógio porta-chicletes não tem graça nenhuma caso você não conheça o início de tudo. No início, tudo era escuridão. Então deu-se a luz, e viram que era bom. Pensaram até que seria engraçado dar-lhe um tapa na bunda. Mas foi o seio de uma mulher que primeiro me atraiu. Pensei: "engole o choro rapaz, há damas no recinto!".

Essa história começa em meados de 1989 quando eu escolhi a peça preta. Desde então tirei muito 6 e 5 nos dados. Claro que houveram alguns 1, mas é como dizem: "azar no jogo? 'sorte ou revés' é quem decide!". E foi mais ou menos isso mesmo. Lá pela 11ª rodada caí no "Sorte ou revés" e qual foi minha surpresa ao ler "Revés: Você foi visto colocando aquela cartinha na bolsa da ****. Pague um lanche a cada uma das testemunhas para não ser motivo de piada da turma."

Mas a vida não é fácil mesmo. Lembro-me que há um ano eu era apenas mais um desconhecido. Hoje eu continuo na mesma. Muita gente que não me conhece imagina "esse aí deve ser só mais um bonitinho querendo ser alguém". E é quase exatamente isso. Exceto pela parte do "bonitinho" claro.

Deixando de lado alguns detalhes mínimos a sua primeira impressão sobre mim estará correta. É claro que se o óbvio fosse complexo não seria óbvio, seria Re(óbvio)+Im(óbvio)i. Apesar de o campo dos complexos permitir inúmeras facilitações, o foco aqui é outro. É sempre a metade do raio de curvatura e quero ver quem é homem suficiente para questionar.

Porque ser questionado ninguém gosta. Lembro que em algumas das minhas avaliações tentei usar da psicologia reversa, sem muito êxito é claro. Talvez porque minha retórica não estivesse bem entalhada ou talvez porque a guerra dos canudos realmente não fora a travada naquela manhã no recreio. Mas a minha experiência não seria nada se detalhes como esse não servissem de aprendizado. Foi então que eu decidi usar de artimanhas. Com muito louvor e quase uma láurea deixei para trás História Geral.

Após alguns ligamentos rompidos percebi que minha carreira como jogador de futebol estava fadada ao fracasso. Então meu cérebro substituiu meus músculos de atleta e decidi passar no vestibular.

Me matriculei num curso pré-vestibular e conheci uma turminha que aprontava mil e umas no maior clima de azaração. Me dediquei com afinco aos estudos e não me deixei levar pela onda da moçada. Assim os resultados se mostraram satisfatórios: eu não iria ser pai e tinha passado no vestibular. Comprei cuecas novas e me mudei para um ambiente menor do que o banheiro da minha antiga casa.

Meus primeiros meses morando sozinho foram marcados por uma série de eventos mal sucedidos (leia-se 4 acidentes de carro). Qualquer um de nós ficaria chateado, abatido, desmotivado, sem vontade de cantar uma linda canção, mas não Joseph Climber! Como não era esse o meu caso eu fiquei triste mesmo. Algumas cervejas mais tarde o problema foi superado e pude voltar ao meu objetivo inicial: conquistar a América do Sul, a Europa e mais um terceiro continente à minha escolha.

Ah, mas e o amor? Amores existiram alguns. Mas todas estão noivas ou casaram-se. Com todas gastei algumas horas do meu dia e com algumas, algumas horas da minha noite. Todas eu estimei sinceramente mas não com palavras, com olhares sinceros. Olhares que eu praticava nas ruas com outras, mas somente para torná-los ainda mais verdadeiros. As vejo aqui e ali, ontem e hoje. Algumas vezes me vejo pai de família comprando brinquedos, respiro aliviado em todas.

Você pode acreditar em tudo o que leu até aqui ou não. A escolha é sua. É como uma vez disse meu brother e mentor Albertão "Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos." E assim eu vou levando, modificando os fatos e tornando a "verdade" muito mais interessante aos ouvidos de quem ouve. Porque um instante é pouco para aproveitar e muito para perder. E você meu caro, acabou de perder vários instantes lendo isso tudo.

Fica a dica.